Texto e fotografias
Nian Pissolati |
Indicações para um roteiro do breu
Primeiro quadro: Olhos fechados. Um trilhão de milhões de pontos, muito pequenos e independentes, que mexem e se deixam levar pelo menor virar de olhos. Segundo quadro: Breu superfície. Risco, bola, cor, forma. Tudo depende do ângulo de locomoção dos olhos em relação a velocidade de ação. Apertar os olhos é multiplicar, mudar a direção, enfim, configurar toda a Terceiro quadro: constelação em outras coisas. Quarto quadro: Por enquanto, de breu quase nada. É depois de algum tempo que as coisas mudam. O breu se formando, te tocando. Breu mergulho. Fundo, dentro do fundo todo que ele já é. Quinto quadro: Pausa. Quase-não-vivo. Alguns minutos, outros anos, ou coisa inventada. Ínfimo-infinito. Sexto quadro: O breu nunca é breu. Toneladas de pontos e movimentos estranhos. O breu é preto. Mais preto que o preto, e muitas outras cores. O breu é branco, o menor branco. Sétimo quadro: A estranha sensação de caber na maior menor coisa que existe. Oitavo quadro: Flutuar palavras, cair palavras, pendurá-las num canto mínimo do breu. Nono quadro: O breu começa a crescer por conta própria - evapora, liquefaz, dissolve. Breu-cabeça-fora-da-cabeça. Fundo mais fundo mas fácil de escapar. Décimo quadro: Mergulho no breu. Décimo primeiro quadro: Inventário. Décimo segundo quadro: Não há tempo, nem máquina. Décimo terceiro quadro: Abandonar as últimas p a l a v r a s |