aruan mattos | flavia regaldo
  • AINDA QUE DURA
    • VISTAS
    • MONOTIPIAS
    • DESENHOS
    • MARCOS
    • PAINEIS
    • OBRAS
    • TEXTOS >
      • BH_SERRAS_PEDREIRAS
      • HIATO
      • GRAVE
    • LIVRO
  • SEM PASSAGEM
  • SUSPENSAO E QUEDA
  • DE PASSAGEM
    • DE PASSAGEM
    • EXPOSICAO
    • INSTALACAO
    • PUBLICACAO
    • TEXTOS >
      • PARQUE-ABERTO
      • DESEJO + CERCAS
      • CANTO NOMADE
  • A PALAVRA
    • A PALAVRA
    • traslador-expo
    • espaco
    • universo-buraco-negro
  • TRASLADOR
    • TRASLADOR
  • MAQUINAS INUTEIS
    • MAQUINAS INUTEIS
    • Chuva
    • Absorva
    • Suspensao
    • Poeira
    • PUBLICACAO-maquinas
  • BARLAVENTO
    • BARLAVENTO
    • PUBLICACAO-BARLAVENTO
  • DESCONCERTO
  • TETO
    • TETO
    • teto
    • 3142610
    • vao01
    • vao02
    • solo
    • paraonada
  • CICLORITMOSCOPIO
    • CICLORITMOSCOPIO
    • criatura
    • palestra
    • breu
    • ordem
    • tempo
    • golem
  • CICLO.VISTA
  • CV
De Passagem
Aruan Mattos / Flavia Regaldo

2016

​Entre o Palácio das Artes e o Parque Municipal de Belo Horizonte existe uma cerca de metal em toda a extensão de encontro. Em De Passagem partimos de negociações com as instituições estadual e municipal para conseguirmos a permissão para instalar uma ponte entre as duas posições. A sistematização intangível, a burocracia, os lados inatingíveis. O tamanho da ponte talvez não meça a distância entre o parque e a galeria. E se a passagem é inalcançável, é na utopia que se idealiza projetos fabulosos para se chegar ao outro lado da cerca.

[1]
DESENHOS

[2]
EXPOSIÇÃO


[3]
INSTALAÇÃO


[4]

PUBLICAÇÃO
​
[5]
TEXTOS                                                                       

    ​  
          PARQUE ABERTO: PORQUE NÃO 
                         >
          
Fernanda Regaldo


          GRADES
          
Francisca Caporali

          O DESEJO CODIFICADO >< A ARTE
          FUNCIONÁRIA: OS ESCRAVOS DE JÓ
          JOGAVAM CAXANGÁ!

          Adriano Mattos
          ENTRE CERCAS
          
Aruan Mattos . Flavia Regaldo

          CANTO NÔMADE
         
Nian Pissolati

PARQUE ABERTO: POR QUE NÃO?
FERNANDA REGALDO


As portarias do Parque Municipal oferecem cotidianamente, pouco antes das 18h, um espetáculo melancólico. Guardas bocejantes apressam os últimos visitantes a deixar o oásis verde para adentrar avenidas cinzas e abarrotadas de carros. Só as crianças, cabisbaixas, costumam perguntar: por que?

É a pergunta que faz minha filha a cada vez que somos convidadas a sair por senhores de coturno. É o que me perguntam também, invariavelmente, amigos de fora. Entre sorrisos irônicos e olhares incrédulos, eles aprendem que nosso principal parque não só é inteiramente gradeado, como também tem um horário de abertura, de 6h a 18h, proibitivo para a grande maioria da população. Por quê?

O Central Park, em Nova Iorque, fica aberto 24 horas. O Hyde Park, em Londres, fica aberto 24 horas. O Bois de Vincennes, em Paris, fica aberto 24 horas. O Villa Borghese, em Roma, assim como boa parte dos parques norte americanos e europeus, também não tem hora para fechar. O El Retiro, em Madrid, vai até meia noite no verão. Os Bosques de Palermo, em Buenos Aires, não fecham. O Parque Rodó, em Montevideo, tampouco. O Parque Ibirapuera, em São Paulo, fica aberto até meia noite. O Parque Farroupilha, em Porto Alegre, não fecha. O Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, tampouco. O Parque da Jaqueira, em Recife, fecha às 22h. A maioria deles tem agendas repletas de programações noturnas.

Os últimos, aliás, implodem a fantasia cômoda de que o brasileiro não seria dado à frequentação de espaços públicos – bem como o nosso Municipal. No hipercentro da Belo Horizonte, facilmente acessível para moradores de qualquer região da capital, ele chega a receber 16 mil visitantes e passantes por dia durante a semana. A demanda por lazer e o potencial público do parque para além de seu horário comercial ficam mais que evidentes ao analisarmos o número de visitantes nos fins de semana: mais de 60 mil pessoas de todas as classes sociais passeiam, brincam, ou ocupam os gramados com toalhas de piquenique coloridas. 

Ainda assim, o executivo decidiu por vetar, no início deste mês [outubro de 2014], uma proposta de lei que mudava o horário de funcionamento do parque, que passaria a abrir de 7h a 21h. Por que? 

A ampliação do horário, explicava a carta de veto do prefeito, traria custos adicionais e impactos negativos sobre a fauna. No que diz respeito aos custos, o executivo só reiterou o que já era sabido: é evidente que uma ampliação das horas de funcionamento traria custos adicionais – com guardas,  funcionários, iluminação. Mas a questão é outra. A administração pública existe para pensar a cidade para os cidadãos e gerir despesas. Ninguém espera que o parque fique aberto de graça. Trata-se, simplesmente, de colocar na balança custos e benefícios. 

Quanto à fauna, o que dizer das mais de 40 mil árvores suprimidas na capital apenas entre 2008 e 2012? Insetos, pássaros e pequenos mamíferos dificilmente estarão comemorando a progressiva e intensa aniquilação de seu habitat. Também não devem ficar lá muito exultantes quando mais de 1,5 milhão de microlâmpadas são acesas para decorar o natal, tirando seu sono com uma extravagância que, diga-se de passagem, representa um custo de cerca de 2 milhões de reais. 

Por que não abrir um espaço público tão diverso e generoso até mais tarde? Por que não derrubar de vez as grades? É preciso responder com sensatez e honestidade. Só assim conseguiremos resgatar a exuberante fauna humana que hoje fica confinada, após as 18h, nos shoppings centers.


NOTA

Texto publicado em outubro de 2014 por ocasião do veto do executivo ao projeto de lei que propunha que os parques municipais de Belo Horizonte abrissem de 7 às 21 horas.




> GRADES | Francisca Caporali

​
> O DESEJO CODIFICADO >< A ARTE FUNCIONÁRIA: OS ESCRAVOS DE JÓ JOGAVAM CAXANGÁ! | Adriano Mattos
   +
​
  ENTRE CERCAS | Aruan Mattos . Flavia Regaldo


​> CANTO NÔMADE | Nian Pissolati

aruanml@gmail.com   |   flaviaregaldo@gmail.com